Aniversário de João de Deus
Um olhar sobre “ O Poeta do Amor”
João de Deus nasceu a 8 de março
João de Deus nasceu em São Bartolomeu de Messines a 8 de março de 1830, filho de Isabel Gertrudes Martins e de Pedro José dos Ramos. Entrou para o seminário mas cedo o abandonou. Em 1849 começou a frequentar o curso de Direito em Coimbra e só 10 anos mais tarde terminou a formatura. Neste período conviveu com notáveis homens das letras. Aí desenvolveu a sua veia poética, dedicada sobretudo à mulher e à natureza, incluindo ainda muitos registos satíricos típicos da vida Coimbrã. Pintor, tocador de viola e cantor de modas populares, amante da vida boémia, vagueou por Coimbra em busca da sua vocação.
Foi casado com Guilhermina das Mercês Battaglia, uma senhora de boas famílias, ganhando estabilidade na sua vida pessoal.Deste casamento nasceram Maria Isabel Battaglia Ramos, José do Espírito Santo Battaglia Ramos, que viria a ser visconde de São Bartolomeu de Messines, João de Deus Ramos, que continuaria a obra pedagógica de seu pai, e Clotilde Battaglia Ramos.
Durante a sua vida foi homenageado inúmeras vezes. Em 1895, é organizada uma grande homenagem à qual se associa o rei D. Carlos com a condecoração Grã Cruz de Santiago.
Morreu a 11 de janeiro de 1896 e encontra-se no túmulo do Panteão Nacional.
João de Deus de Nogueira Ramos, mais conhecido por João de Deus, foi um eminente poeta lírico, considerado à época o primeiro do seu tempo. Foi um poeta muito popular e muito venerado. Na literatura da sua época, João de Deus ocupou, pode dizer-se, uma posição singular e destacada. A sua poesia distinguiu-se, sobretudo, pela grande riqueza musical e rítmica. A sua obra mais completa “ Campo de Flores” é considerada uma coletânea da sua obra poética.
Distinguiu-se também como autor de fábulas, sendo considerado o melhor poeta do género. Escreveu ainda, obras destinadas a teatro.
Mas a obra que mais o notabilizou foi a “Cartilha Maternal”, publicada em 1876.
E foi numa altura em que o analfabetismo ascendia os 70% que João de Deus se envolveu nas campanhas de alfabetização, utilizando este novo método de ensino da leitura, método que o haveria de o distinguir como pedagogo.
A obra teve grande aceitação popular e foi muito bem recebida sobretudo pelos principais intelectuais da época, entre os quais Alexandre Herculano e Adolfo Coelho. Foi considerada de utilíssima e genial. Este era um método relativamente inovador na época. Dois anos mais tarde, foi proposto e aprovado pelo deputado Augusto Lemos Álvares Portugal Ribeiro, como o método nacional de aprendizagem da escrita da língua portuguesa. Graças a esta decisão, João de Deus teria a nomeação vitalícia de Comissário Geral da Leitura. Com ele têm sido alfabetizadas milhares de pessoas, mantendo-se em uso em todos os centros educativos João de Deus.
O governo do Brasil importou várias cartilhas e o método é posto em prática na escola normal de S. Paulo.
A obra foi ainda editada em francês, já em 1920.
Esta obra intemporal continua, assim, a ser a magia e o sonho entusiástico e real do dia a dia de pequenos “Príncipes e Princesas” como passaporte para o mundo do conhecimento.
Ao Pedagogo, ao poeta do Amor, a nossa reiterada e infinita Gratidão!
Amélia Saraiva Concolino